A arte é para todos
- Lucas Oliver
- 12 de jun. de 2022
- 2 min de leitura
Atualizado: 11 de set. de 2022

Na mitologia grega, as musas inspiravam os artistas, mas era o deus Apolo que doava os dons da arte, transformando homens comuns em verdadeiros artistas.
Talvez por isso, popularizou-se a ideia de que a arte é um dom de nascença que brota em pessoas específicas. Inclusive os próprios artistas tendem a acreditar que tem um dom ou uma aptidão natural para a arte. Eu não duvido que essa aptidão natural possa existir, mas isso não muda o fato de que todo e qualquer ser humano pode produzir arte. Para fazer um artista, então, não precisa-se torcer para ter nascido com as dádivas de Apolo, na verdade são necessárias duas coisas: Esforço e oportunidade.
Chamo de esforço todo o movimento que fazemos por vontade própria em direção a arte. E por oportunidade me refiro a todo movimento externo que leva a arte até nós. O equilíbrio dessas duas coisas é suficiente para transformar qualquer humano em um artista. Por outro lado, o desnível de qualquer um desses dois fatores é suficiente para nos convencer que não nascemos para a arte:
Muitas pessoas tem esforço mas não tem tanta oportunidade: (aqui está a imensa maioria dos humanos) são as pessoas que acreditam que não tem nenhuma ou pouca aptidão artística, mas na verdade só não tiveram suficiente oportunidade. Por esse motivo são casos bem raros, mas possíveis, os artistas que conseguem mesmo sem muitas oportunidades desenvolver aptidão artística, seja por serem autodidatas ou seja por intuição.
De outro lado temos as pessoas que têm muitas oportunidades mas não tem esforço. Eu chamo de oportunidade inúmeros fatores combinados, por exemplo:
O acesso às técnicas: dificilmente uma pessoa que nunca viu um azulejo português vai se tornar um artista que pinta azulejos no estilo português. A importância que os familiares dão para a arte: pessoas que nascem em família de músicos têm contato constante com essa arte e isso já é uma oportunidade que muitas vezes não se percebe. Um outro fator é a pedagogia da arte, a técnica do educador de ensinar a arte: um educador mal preparado não só pode tornar o contato com a arte mais difícil como pode também ter o efeito contrário, gerando traumas ou repulsas pela linguagem artística em questão. Em suma, quanto maior e melhor o contato com a arte mais oportunidades se tem.
Embora “a arte é para todos” seja o lema e a filosofia sob o qual fundei a cia ID anjos, não sou pioneiro nessa ideia:
O artista alemão Luis Camnitzer afirmou em uma exposição aqui no Brasil que
“Todos deveriam ser artistas”
e ao ser questionado se todos podem fazer arte ele respondeu:
“Acho que o artista é um intermediário entre o Universo e o público. Se a arte atingisse seu propósito, todo mundo teria seu próprio acesso ao Universo e, assim, todos seríamos artistas e essa especialização deixaria de existir.”
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